O
mundo está vivendo um momento desafiador e complexo, como jamais visto em
tempos recentes da humanidade.
As
pessoas em grande maioria, sentindo-se inseguras, diante de tantas incertezas e
ameaças que a vida tem apresentado como desafio de sobrevivência e
ressignificação do sentido das coisas que realmente importam.
Certamente,
alguns, dirão que a família, os pais, os amigos, são bens preciosos e
representam porto seguro diante de tantas vidas ceifadas precocemente. O
trabalho, que sempre gerou significado, passa a ter um valor exponencial. Representa
quase a própria vida. É a dignidade em ação. É o propósito. É com ele, que
conseguiremos levar a vida adiante e dar sentido aos sonhos, desejos, ideias,
riquezas, liberdade e conquistas, não obstante as saudades abrigadas nos
corações de quem perdeu seus entes queridos, nesta tragédia global, causada pelo
Covid-19.
Este
evento, tem como consequência, profundas mudanças no comportamento da
humanidade. Da perspectiva empresarial, as organizações, passarão a considerar
o Home Office como oportunidade de continuar realizando suas atividades.
O impacto nas relações de trabalho será de magnitude, sem precedentes, na
história recente da sociedade produtiva. As relações de trabalho, sofrerão
profundas mudanças. Para alguns, será ótimo e super atual, poder estar
empregado e fazer as suas entregas de qualquer lugar do Planeta. Para outros, extremamente
ameaçador. Não somente para a cadeia de negócios, que se relacionam com o modelo
de prestação de serviços, aos quais estão habituados, mas também, haverá
impacto nas relações sociais e na maneira como as pessoas passarão a se
relacionar com a empresa onde constroem
suas carreiras.
O
trabalho, é fonte de vida que nunca cessa. É através dele que realizamos
grandes sonhos e nos construímos como pessoa. Produzimos desde as coisas mais
singelas, as mais inimagináveis. Mas, ele também, produz relacionamentos,
interações, amizades, vínculos, que representam patrimônios intangíveis. Faz
parte do cotidiano de cada um de nós, ter rotina, manter hábitos, fazer amigos,
ir ao trabalho, compartilhar e construir vínculos afetivos. É tão natural, que geralmente, somos incapazes
de avaliar o quanto as relações sociais, trazem significado para as nossas
vidas. Nas empresas, a cultura organizacional, é consolidada pelos valores
agregados de seus colaboradores. Estar no trabalho, junto com as pessoas,
nos dá sentimento de pertencimento. O ser humano, precisa pertencer. A
convivência com outras pessoas, não só contribui para o desenvolvimento individual,
como também, para as relações do tecido social organizacional. As tarefas
realizadas em equipe, transformam o ser humano, para melhor. Geram ideias
inovadoras, que contribuem para a construção de novas oportunidades de
negócios, desenvolvimento de projetos, mas também, geram vínculos, que trazem
significado e prazer para todos os envolvidos. É através do trabalho, que
construímos uma identidade, que diz quem somos, e, por ela, somos reconhecidos
em toda parte, e nos reconhecemos, pertencendo a um lugar no mundo.
A
pandemia nos deixou solitários e distantes do convívio social. Os movimentos
coletivos e individuais pelos aplicativos e ferramentas virtuais, tornaram-se o
caminho que encurta a saudade, mas não substitui o abraço, o olhar sincero de
um amigo, um flerte no boteco, uma gargalhada entre colegas de trabalho, num
final de tarde. Tudo faz falta. Quando o indivíduo se aparta do seu cotidiano e
isola-se nas tocas das casas e apartamentos, trabalhando no regime
charmoso e quase prisão, Home Office, nos primeiros dias, tudo é liberdade. Com
o passar do tempo, tudo é exaustão. O tédio, passa quase despercebido por quem
experimenta a estranheza no vazio, da ausência da presença das pessoas. O
cansaço que começa a ser sentido no decorrer do dia, causa desconforto. O
expediente fica estendido, nunca termina. Somos escravos do tempo e da
disponibilidade.
Nestes
novos tempos, as ferramentas de controle, perderão o seu objetivo. O que fará
sentido, será a entrega dentro dos prazos acordados e com a mesma qualidade que
costuma-se ter como parâmetro dentro das empresas. Como o tempo é gerido e
como serão estabelecidas as prioridades, dependerá muito, de quem estiver do
outro lado da mesa. O compromisso, a confiança, a produtividade, dependerá do
nível de autogestão de cada pessoa. As lideranças serão desafiadas, para fazer
com que os seus liderados continuem não somente prestando serviços, mas também
sendo desenvolvidos por eles.
Muito
se perderá em termos de valor agregado decorrente da vida cotidiana nas
empresas. O tempo dirá e mostrará o quanto as fobias e escapes emocionais,
farão parte do processo de adoecimento do trabalho solitário e virtual que passou
a existir, e, em alguns casos, continuará de forma permanente. Em tempo de
pandemia, em que o medo e a angústia, são frequentes, a situação do
profissional, fica muito mais sensível e crítica. Já é visível, a inquietação e
irritação das pessoas, sem motivo aparente.
É
preciso refletir sobre estas coisas. As relações sociais, despretensiosas, Network,
geram sociedades mais fluidas, mais alegres, mais integradas e mais saudáveis.
Autoria:
Isabel Spíndola
Neuropsicóloga
e Master Coach
@escritoraisabelspindola
[email protected]
www.constelacaocoaching.com.br